domingo, 24 de abril de 2016

Todos somos culpados pela queda da Ciclovia Tim Maia

A ressaca derrubou a Ciclovia Tim Maia, disto ninguém tem dúvida. Erro de projeto? Tudo indica que sim, houve um pequeno erro de projeto. Esqueceram do detalhe das ressacas... Mas tem mais coisas ai que nós, brasileiros, nos recusamos ver e discutir e que vem causando vários desastres não só no Rio de Janeiro, mas em todo Brasil. É nossa ressaca diária que parece não ter fim.
No caderno Metrópole, do O Estado de São Paulo de 23 de Abril, está a Análise Obras no Rio não são planejadas para a população de Orlando Alves dos Santos Júnior, Doutor em Planejamento Regional pela UFRJ e integrante do Observatório das Metrópoles. O título já diz quase tudo. O texto completo vale a leitura.
Repetindo para ser chato, que é o que me resta: A questão é que brasileiro nunca teve ou perdeu a noção do que é uma cidade, qual sua função, para que e para quem ela deve servir, e de que forma deve ser transformada. O Economista e Filosofo Eduardo Janete da Fonseca em entrevista falou que seu próximo livro levanta ideias sobre qual futuro queremos para o Brasil, sobre qual é o nosso projeto, o que segundo ele não temos. "Sempre olhamos para o passado" disse. No caso das cidades quando muito copiamos e copiamos mal. Vide o caso de Curitiba que teve um projeto... lá pelos anos 70. Por exemplo, seu sistema de transporte teve que servir de referência para o Transmilenio de Bogotá, Colombia, para despertar interesse por aqui. Creio que estamos em 2016, e creio que as coisas mudaram um pouco... Fizeram uma coisa - Transmilenio - parecida no Rio como obra da Olimpíada e parece que recém inaugurada já apresenta uns probleminhas. 
Meu irmão, Murillo Marx, Livre Docente em História do Urbanismo, USP, um dia me contou que perdeu a cabeça numa aula e começou a gritar "Sonhem, sonhem, sonhem..." Perdemos a capacidade de sonhar. Somos medíocres, e bota medíocre nisto. A maioria de nossas cidades são pobres, deprimentes. Um cantinho simpático aqui, outro ali, no geral um asco. O brasileiro não acredita na qualidade salvadora. Talvez nem entenda quando se fala em qualidade.  Vide a Lei de Licitação 8.666 que tem como prioridade o menor preço, não a durabilidade, a qualidade, o perene. Alguém fala alguma coisa sobre a 8.666?
Cidades civilizadas tem um espírito inquieto, transitório, mas forjadas em um caráter perene, que é sua história. O Brasil do nunca antes nos faz confundir inquietude e transitório com libertinagem, com vale tudo depois corrige. 
Pedalei várias vezes pela av. Niemeyer quando ainda sequer a palavra bicicleta estava em pauta. O lugar é um sonho, mas muito apertado. A construção de um espaço para ciclistas - e pedestres - muito mais que um sonho era uma necessidade. Só a possibilidade de realização de um sonho basta para ofuscar nosso já pouco bom senso tupiniquim. Estou cansado de ouvir "(o resto) que se dane, se der problema a gente corrige depois". E assim a sociedade se cala. Depois fica difícil acusar os responsáveis da obra de má fé. Quem cala consente. 

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