sexta-feira, 11 de março de 2016

nuvens

Faz alguns dias tive a sorte de ver dois níveis de nuvens claras se movimentando em sentidos diferentes sobre céu azul de Pinheiros. O nível mais baixo (cumulus, creio) passava com grande velocidade, uns 50 km/h ou mais, enquanto se via nuvens da frente fria (stratus, creio), longas pinceladas paralelas em branco. Não demorou muito que o céu se fechasse. Quando eu fazia o Bike Repórter e o apaixonante Geraldo Nunes dava o trânsito no pequeno helicóptero Robinson 44, tive a oportunidade de ver três níveis de nuvens se cruzado furiosamente sob um céu azul de fim de tarde. Entrei ao vivo e imediatamente perguntei ao Geraldo se ele estava chacoalhando muito lá em cima. Confesso que perguntei porque estava muito preocupado com os dois, meu amigo Geraldo e o piloto. Adoro voar, mas tai um dia e uma experiência que fico feliz não ter tido. 
Minha paixão por nuvens veio com os voos que tive a oportunidade de dar com meu pai, Arturo e meu tio Celso Rodrigues, que foi o piloto do empresário Luiz Dumont Villares. Voar e ver nuvens, quase toca-las com as mãos, perfura-las, ver suas transformações, suas luzes, cores, raios, experiência libertadora, aconchegante.
Eu venho de uma época que ainda se podia olhar para o horizonte de São Paulo e ver as nuvens, não só para admira-las, mas principalmente para saber como ficaria o clima. Eu senti o cheiro de ozônio invadindo o ar para avisar que a chuva estava ali, prestes a te encharcar. Por muitos anos senti orgulho de conseguir entender o clima paulistano e saber até quanto tempo tinha para chegar em casa sem me molhar. Tomei pouquíssimas chuvas a contra gosto. Os arranha-céus, ou serão arranhas-céu, rasgaram o azul, as nuvens e mesmo o sentido do vento, e hoje ficou difícil. A cada dia tenho menos previsão de qual será meu futuro, mesmo assim a bicicleta continua me permitindo olhar as nesgas de céu que restam entre os edifícios, o que é um prazer.
Fotografias nunca descrevem a real magia das nuvens, mas vamos tentando prender uma memória quase inócua aqui e ali, placebo puro. 





Um comentário:

  1. Adoro nuvens tb e sempre as estou observando. Os motivos são diferentes, observo pelas suas formas, cores, algumas translúcidas. Outras escurecidas, algumas tão finas q deixam o sol passar, tornando-as iluminadas. algumas parecem um véu de noiva esvoaçando ao vento. Outras um caminho de alvo algodão picado. Douradas, rosadas, avermelhadas, chegando a cor púrpura. Com formatos de bichos. Algumas, às vêzes, me dão medo, pq são escuras e velozes, como se o mundo fosse desabar naquele exato momento. Somados a elas, temos os raios, relâmpagos, q riscam e iluminam os céus, trazendo cores e movimentos. Gosto da sensação de ver o céu se transformar. Gosto da força. É UM ESPETÁCULO. A metamorfose do céu é rápida. Tenho muitas fotos de nuvens, hoje mesmo tirei fotos . Sempre tiro fotos e ´posso dizer q uma é diferente da outra. O plural é arranha-céus.

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