sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Rio Tavares, natureza e construções

Estou num dos novos edifícios de três andares construídos em Rio Tavares, ilha de Florianópolis, na mesma rua do Centro de Saúde. Novo, mas não está ligado a rede de esgoto, ou, pior, todo bairro não tem rede de esgoto. Em pleno século 21 deram autorização para um bairro cercado por reservas ambientais crescer rapidamente sem rede de esgoto? De um lado a montanha com uma mata atlântica primária, do outro uma praia muito bem preservada porque está protegida por dunas e uma mata típica, e no meio destes paraísos cada dia mais e mais fossas contaminando o solo? Ups! Pior, tem terreno que deve ser várzea e está sendo aterrado. Enfim, péssimo.
Acabei virando paixão de três lindos vira-latas, duas fêmeas e um macho de uns 20 kg cada, que me acompanhavam aos pulos onde fosse. São os donos do pedaço e da praia, conhecidos e amados por todos moradores. Numa das minhas caminhadas pela praia fui severamente repreendido por uma jovem senhora: “Os cachorros não podem vir à praia”. “Ok! Então vou alfabetiza-los e colocar uma placa na entrada da praia avisando”. Muita gente me fez cara de repreensão por estar sendo acompanhado, ou seguido, pelos lindos que são muito menos daninhos ao meio ambiente que qualquer de nós, humanos; mesmo quando cavam, cavam, cavam, enterram meio corpo da arreia e comem fazendo caretas siris ainda vivos, ou quando saem correndo atrás de qualquer pássaro pousado n’areia.
Para chegar a praia é necessário cruzar trilhas dentro da mata. Lá vivem vários saguis, estes sim um grave problema ambiental. Não são nativos da área e se transformaram em predadores de várias espécies nativas. Como não tem predadores estão fazendo um estrago digno de ser humano. Estão sendo caçados e transferidos para o local de origem. Gostaria de ver a reação da distinta senhora quando o morador local, ambientalista e conservacionista, me contou sobre os problemas causados pelos saguis. Madame não sabe de nada.
A cada vez que passava pela trilha fiquei me indagando quantas espécies vivem lá. Qual a complexidade daquela fauna e flora e em quanto tempo as construções vão afetar seriamente aquele ambiente? Entre os três vira-latas e todos aqueles humanos na praia eu fico com os vira-latas. Matemática simples: no segundo dia de praia uns pescadores pegaram uma garoupa de 40 kg que estava nadando atordoada já quase na areia. Garoupa pegando onda? A praia estava cheia de peixes mortos, de todos tamanhos e tipos. A razão? Segundo os pescadores "uns idiotas que usam dinamite para pescar lá na ilha (em frente)".

Ontem foi divulgado mais um ranque internacional sobre turismo e é óbvio que o Brasil é um dos países menos visitados. Com esta natureza maravilhosa país pouco visitado? Ridículo!

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