quinta-feira, 14 de maio de 2015

SESC Santo André: “Bicicleta, Cidadania e Mobilidade Urbana”

No próximo domingo, 16 de Maio, vou sentar com Renata Falzoni no SESC Santo André para um bate papo público sobre “Bicicleta, Cidadania e Mobilidade Urbana”. Parto do pressuposto que faremos sobre Brasil e muito provavelmente sobre a capital paulistana. No vídeo de divulgação digo “ela (Renata) é a favor e eu sou contra”, e, sim, sou contra, por que o que se está fazendo por aqui no Brasil se é pela bicicleta é burro, é uma ação de cidadania para lá de duvidosa, e se tem a ver com mobilidade urbana é por que brasileiro aceita qualquer coisa como normal. 
Fui, sou e serei a favor da cidade via e aprazível, portanto da bicicleta, cidadania e da mobilidade urbana. Como já tenho uma boa estrada percorrida nesta vida sei que de boa intensão o inferno está lotado. Nem falo de más intenções por que vemos todo dia em jornais, rádio e TV que até o diabo negocia fazer o inferno das cadeias um pouco mais humano.
Em 1982, quando apresentei na Casa Madre Teodora o "Projeto de Viabilização de Bicicletas como Modo de Transporte, Esporte e Turismo para o Estado de São Paulo", Projeto de Governo Franco Montoro, não fazia ideia que estava apresentando uma proposta de plano de mobilidade, como se diz hoje. (http://escoladebicicleta.com.br/topicos.html e http://escoladebicicleta.com.br/bicicletatransporte.html). Desde então sempre fui absolutamente contra o discurso monoteísta das "ciclovias já" como única e exclusiva solução para a segurança dos ciclistas, o que definitivamente não é. 
Cidadania? Cidadania no Brasil? Saiam às ruas e olhem o lixo no chão e não precisa dizer mais nada. Cidadania no Brasil? Brasil é um rejuntamento de interesses individuais e corporativos mui específicos. Cidadania pressupõe o respeito pelo coletivo, que até tínhamos não faz muito. O pai nosso mudou neste país do nunca antes e a ladainha atual só recita direitos individuais.
Mobilidade urbana? Brasileiro sabe o que é mobilidade por que sente na pele o problema, MAS, a meu ver, brasileiro não faz ideia do que seja uma cidade, portanto o urbano. Cidade é uma construção coletiva baseada na cidadania, portanto, a meu ver, não a temos. Mobilidade urbana sem cidadania? Estranho, não é?

Cá estão algumas das razões pelas quais sou contra o que se está fazendo aqui:
  1. Recomendo que se pesquise no dicionário se mobilidade é sinônimo de bicicleta? Se mobilidade não é sinônimo de bicicleta, pergunto: não haverá não estão vendendo gato por lebre?
  2. A quase totalidade do que vi pessoalmente no Brasil são ciclovias precárias sem estrutura complementar, com falhas grosseiras de projeto, precariamente executadas, uma tantas inseguras, mal conservadas, muitas abandonadas, que começam do nada e terminam em lugar nenhum. Dinheiro público nasce em árvore?
  3. A imensa maioria das ciclovias que vi Brasil afora são sub utilizadas, quando utilizadas. Aliás, minto, muitas são aproveitadas por pedestres.
  4. Qual é o percentual de ciclistas nas ruas? Qual é o custo benefício da obra?
  5. Será que não existe outra forma de fazer um sistema cicloviário? Eu, pessoalmente tenho certeza que sim, e infinitamente mais barato e simples.
  6. Conflitos na implantação de sistemas cicloviários houve em todas as partes do mundo. Num país onde que é público não é de ninguém, como o Brasil, a população engole com facilidade propaganda enganosa.
  7. A lei 8.666 faz tudo ficar mais difícil. Criada com a melhor das intenções transformou a coisa pública do Brasil nisto que estamos vendo.
  8. Será que não aprendemos nada com o que está acontecendo no Brasil? Será que a política de faz de qualquer jeito já não se provou como errada? Será que brasileiro ainda não aprendeu que uma coisa é fazer para o bem público e outra, completamente diferente, é propaganda enganosa?
  9. Pedestres representam mais de um terço dos modais, a maioria gente de menor poder aquisitivo, mesmo assim a proposta para melhorar calçadas é de uma timidez... 
  10. E tem o pessoal portador de alguma deficiência, 17% da população, um pouco menos de 2 milhões invisível nas pesquisas. Invisíveis por que não conseguem sair às ruas.
  11. Congressos internacionais sobre mobilidade, cidade, desenvolvimento urbano, melhora de cidadania, bicicleta, administração pública..., acontecem com frequência. Entidades internacionais atuam no Brasil. Técnicas para fazer bem feito podem ser encontradas facilmente na internet. E o brasileiro diz que somos diferentes? Que fazemos diferente? O que? A experiência da humanidade não nos serve? UAU!

Poderia continuar, mas acho que já basta. Sou contra!

Nenhum comentário:

Postar um comentário