quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

liberdade ou ofensa?

As discussões se seguem. Passado o primeiro momento de espanto começam a sair do armário os que acham que os cartunistas do Charlie Hebdo não tinham o direito de ofender outros. Temos ou não o direito de ofender os outros? Talvez não seja uma questão de direito, mas de ser apropriado ou não.

Qual é o contexto no qual que foi feita a ofensa? É lógico que num contexto formal não é apropriado ultrapassar alguns limites que podem ser entendidos como ofensa. Como também é lógico que num contexto próprio para falar besteiras ou qualquer nonsense dificilmente o que se falará será entendido como uma ofensa, mas como uma gozação ou piada. E rimos muito destas situações e isto nos faz muito bem.

Afinal, ofensa é dita contra uma pessoa ou é uma pessoa que recebe o que foi dito como ofensa? 

Como sempre a história nos ensina.
O que seríamos de nós se, por exemplo, Francisco De Goya y Lucientes, ou simplesmente Goya, feroz crítico da sociedade de sua época, não tivesse a liberdade, ou melhor, a coragem de expressar suas "ofensas" contra a Santa Inquisição?

Não se pode negar que piadas, que normalmente são ofensivas, fez a sociedade e seus indivíduos mais abertos e educados, menos sensíveis a besteiras, mais distantes do impulso de vestir a carapuça de ofendido. 

O contrário, frear as ditas ofensas, é o politicamente correto, cópia mal feita e envergonhada da santa inquisição, onde há regras para o que é ou não ofensa, de preferência sempre direcionada para os interesses, dogmas, crenças, ideologias, corporativismos ou qualquer coisa do gênero de alguns. Isto não tem nada a ver com proteger a liberdade plena de expressão e sim com o aceitar o cerceamento. Então que se queimem livros, proíbam teatro, cinema, TV, rádio, internet... Já vimos isto antes e definitivamente não dá certo.

As perguntas que se devem fazer quando se sente ofendido é "Porque estou me sentindo ofendido? O que está me afetando? No que estou errado? Como melhorar?"
A liberdade nos alcança quando nos tornamos imunes às ofensas. Ou serão elas, as ofensas, placas de orientação para a liberdade?

Que se façam piadas de portugueses, argentinos, irlandeses, franceses, bascos, mouros, pretos... dos quais tenho um pouco de sangue. E de todos as raças, credos, etnias, religiões...
“Ou se ri da vida ou a vida ri de você.”

Viva Chico Anísio. Viva a liberdade! Viva a inteligência!

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