quinta-feira, 20 de março de 2014

Madri, trânsito e ciclistas

Madri é surpreendentemente agradável. Limpa, tranquila, organizada, rica, sempre cheia de gente vivendo a vida por todas os lados, gente feliz, educada, cordial, atenciosa. Há uma real sensação de segurança. Pode-se caminhar, parar, manusear a carteira, usar celular, tirar fotos com I-pad, sentar no meio das praças e trabalhar ligado no WiFi público. Algumas lojas tem segurança interna, mas não se vê um homem de óculos e terno preto no meio da rua. Segurança é responsabilidade da segurança pública, uns vestidos de amarelo e outros de azul. Como em qualquer lugar do universo que é civilizado não há brincadeira, jeitinho ou coitadinhos. Tal qual outras grandes cidades até os pedintes e mendigos sabem que há regras para o bem coletivo. Mas não os ciclistas.
O trânsito flui relativamente bem, sem altas velocidades, sinalizado, pouco poluído e é normalmente silencioso. Madri é deliciosamente menos barulhenta que qualquer cidade que conheci, o que é ótimo para o estado de espírito. Não se vê conflitos a não ser quando um carro avança sobre a faixa do pedestre. Ai o famoso espírito espanhol vem a público e o tom da voz sobe alto instantaneamente.
Segundo os madrilenos o número de usuários da bicicleta tem crescido rapidamente, e com eles os conflitos, principalmente com os pedestres. Não há muitos ciclistas circulando, mas infelizmente a maioria acha que pode fazer o que bem entende, em particular circular pelas calçadas de uma forma muito pouco civilizada. Homens, mulheres, jovens de ambos sexos, todos enfim usam qualquer espaço público como se fosse uma ciclovia de mão única vazia.

Óbvio que a administração da cidade está se mexendo, implantando ciclovias, ciclo-faixas e faixas partilhadas sinalizadas, boa parte delas evitadas, vazias. A opção é pedalar pela calçada, não sei porque. Mesmo no interno de bairro onde a velocidade é bem baixa e não seria necessário o pessoal vai pelo exíguo espaço dos pedestres. Infelizmente a história se repete em todas as partes, em todos continentes: ciclovia dá voto, educação dos ciclistas vale zero. Os trouxas compram a enganação. Em Madri não é diferente. A população está irritada e com razão. 

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