sábado, 28 de setembro de 2013

NY, ontem e hoje, por um novaiorquino, Andres

Andres, descendente de italianos, natural de NY e hoje vive no Queens, trabalhou numa agência de correio da área conhecida como “NY hell’s kitchen” (cozinha do inferno de Nova Iorque). Fica entre as ruas 39th e 53th West Side (oeste). “Nos anos anteriores ao tolerância zero, todo tipo de criminalidade rolava solto, prostituição, drogas, máfias italiana, russa e porto-riquenha. Era muito complicado circular naquela área. Até dentro da escola eu fui assaltado”, contou Andres.  (Dependendo do horário e local era impossível passar por lá; pior que nas nossas cracolândias.)

O Hell’s Kitchen de NY hoje é tido como um dos cartões postais do sucesso alcançado pelo tolerância zero. Foram várias as mudanças, dentre elas a transformação radical da Broodway e Times Square, hoje mais vivas do que nunca.

Um dos trabalhos de Andres foi distribuir os cheques sociais nas caixas postais da agência Post Office. “Chegava o dia (do pagamento) e logo cedo estavam todos (beneficiários) dentro da agência. Eu tinha que ser enérgico com eles para conseguir colocar os cheques nas caixas (postais). Eles queriam tirar os cheques de minha mão. Conheci famílias que estavam na terceira, quarta geração, todos vivendo só do programa social. Nenhum deles havia trabalhado, só iam lá e pegavam o cheque”.

“A mudança (realizada em NY) foi muito boa. Hoje as bicicletas e os pedestres estão nas ruas (ele não soube qual é o meu trabalho). É muito bom. Temos paz, não há mais violência”, conta ele com rosto leve e sorrindo. “O lado ruim é que muita gente, como eu, que sou uma pessoa comum de classe média, com um trabalho normal (não sobra dinheiro no fim do mês) teve que se mudar. Os imóveis ficaram caros, construíram muito coisa nova... Mas a cidade está muito melhor para viver. Não quero que volte a ser como era antes. Não dá”.

“O candidato da oposição (do governo atual) fala que o que foi feito pela polícia foi ilegal, inconstitucional, que não pode parar e revistar as pessoas. Eu tenho medo da volta da violência. Tem que continuar do jeito que está”.

“É uma situação muito confusa, mas não quero a cidade de antes”.

A conversa foi em Naples, Flórida. Andres estava hospedado num hotel simples de beira de estrada, barato e próximo à rua principal, para uns dias de praia.

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