segunda-feira, 22 de abril de 2013

Quando morrerei?

1989: atrasado para o trabalho, fiz a curva muito rápido e toquei o pedal no chão, o que me fez capotar de frente. Fiquei estendido no asfalto, na porta de uma loja, e nenhum dos que estavam lá olhando para mim saíram para me socorrer.

1992: passou por mim um caminhão de cerveja enquanto estava parado para abastecer num posto de Queluz, Rio de Janeiro. Sai em seguida e uns quilômetros depois a estrada parou por que o caminhão de cerveja havia tombado na pista. A horda começou a correr para o caminhão, não para socorrer o caminhoneiro, mas para saquear as cervejas.
1996: inexperiente com bicicletas de estrada, terminando uma curva tracionei forte no asfalto sujo de arreia e a bicicleta saiu de baixo imediatamente, num tombo duro, seco, muito dolorido. Fiquei estendido no meio da curva, numa esquina de avenida, na frente de um posto de gasolina. Todos ficaram olhando. Ninguém se mexeu.
Hoje, uma da manha: um bêbado ou alguém usando celular simplesmente entrou na traseira de meu carro estacionado, que foi arrastado e arrebentou o carro da frente, de um amigo. P.T.. Apesar do forte estrondo que a batida provavelmente causou, e do carro que bateu ter seguramente ficado muito deformado, portanto com dificuldades de mover-se e fugir, nenhum dos seguranças, parados 24 horas no edifício do outro lado da rua, viram absolutamente nada...
Agora: o garoto empurrando um carrinho de mão com caixas pesadas cruza a rua que no instante não tinha carros. A roda do carrinho de mão trava num buraco exatamente no meio da rua e o menino não consegue tirá-lo de lá. O semáforo  abre e os carros vem na direção do menino assustado. Ninguém para. Uma menina passa por ele olhando o celular e sem as duas mãos no volante. Provavelmente sequer percebeu o garoto desesperado.
A família do jovem de 19 anos Vitor Hugo Deppman repetiu o mesmíssimo discurso de outras famílias vítimas de barbáries semelhantes: a morte do filho não será em vão...
Um garoto de 15 anos aparece morto nos trilhos. Não há testemunhas. No meio da empurra-empurra do embarque ele pode ter caído nos trilhos. Não há mais respeito pelos outros e vale a lei do mais forte ou esperto para fazer a viagem sentado, não importa o que tenha ficado para trás.
Renan Calheiros, Presidente do Senado Federal do Brasil... Paulo Maluf...
Silêncio

Continuará assim.
Amo a vida. Mas, me pergunto toda vez que chego à porta de minha casa: quando serei executado por um merdinha de um assaltante qualquer?

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