sexta-feira, 17 de agosto de 2012

evolução dos freios?

Tive que passar na bicicletarias para consertar meu movimento central que estava prendendo. Como é selado imaginei que iriam trocá-lo por um novo e pronto, que é o que seria feito na maioria das bicicletarias. Thiago me conhece a muito, sabe e concorda com alguns princípios que considero cruciais, dentre estes sempre buscar o reaproveitamento do material e colocar o máximo de qualidade no processo e resultado final. Infelizmente estou com a casa e oficina desmontadas e não faço ideia de onde estão minhas ferramentas. Ótimo, tiro férias de minha própria neurose, até tranquilo porque a bicicleta está em boas mãos. Quando cheguei lá a bicicleta estava perfeita, sem ter que trocar a peça. E ainda tive uma aula de como desmontar o dito movimento central selado.
Enquanto estava lá dentro Marcinho trabalhava para desempenar um freio a disco. O dono da bicicleta meteu a roda solta no porta-malas com um peso apoiado sobre o disco. Ups! E na deixou que o manete de freio fechar-se sem o separador de pinças instalado. Grudaram. Mais trabalho. Eu não gosto de freio a disco em bicicleta urbana. Deve até funcionar em mountain bike de competição, mesmo assim não sei se seria minha opção. Bom, enfim...
Há inúmeros tipos de freios para bicicletas e o que mais me agrada para as urbanas é o interno de cubo, uma espécie de freio a tambor, pouco comum aqui no Brasil, mas muito usado principalmente na Europa. Funciona suave, preciso, sem qualquer tranco, modulação prefeita, não muda com chuva e poeira, e principalmente porque é praticamente impossível de sofrer avarias por maus tratos.  Mas não há por aqui. Pena.
Freio a disco para bicicletas é uma criação do mercado para saciar a sede consumista de novidades dos clientes e para resolver o eterno problema da qualidade de trabalho dos mecânicos de bicicletarias, que no geral é precária. O freio a disco mata dois mecânicos com uma chave inglesa só.  Na realidade mata vários velhos pequenos problemas numa tacada só, sendo o principal a questão do mecânico. Quanto menos ele colocar a mão na bicicleta melhor. O mercado da bicicleta não paga o preço de um mecânico de qualidade. A solução é instituir produtos que tenham menos variáveis e necessitem de procedimentos mais simples para funcionar e ser mantido.
O meu freio predileto continua sendo o velho cantilever, que permite muitas variáveis em seu ajuste e regulagem, mas demanda um trabalho delicado, atencioso, preciso, portanto demorado. Bem regulado oferece potencia de frenagem e a modulação ideal para cada ciclista, quase impossível com qualquer outro sistema de freio. Uma vez feita a regulagem, que pode ser bem chata, vai demorar um tempão para dar manutenção. Acabou sendo substituído pelo “V brake” (nome correto: “direct pull brake”) que é muitíssimo mais simples para qualquer mecânico lidar. Alinha as sapatas com o aro, ajusta o curso do cabo e a centralidade dos freios e pronto; rapidinho, rapidinho. O problema é que “V brake” foi criado para competições, é muito mais potente que o cantilever, e machucou muito ciclista leigo. Era batata: o sujeito comprava uma bicicleta com a novidade, o vendedor avisava para tomar cuidado com os freios, para ir devagar, e não demorava muito o comprador voltava para loja ralado ou machucado porque havia capotado de frente. História clássica.
O “V brake” também tem lá os seus probleminhas: a abertura das sapatas em relação ao aro é baixa e os aros precisam ser muito bem centrados ou as sapatas arrastam. Centrar uma roda definitivamente não é para qualquer um. De volta ao problema dos mecânicos. Outra questão, que não deve ser esquecida, é que qualquer sistema de freio por sapata precisa de aros de qualidade para frear sem trancos. Freios a disco não tocam nos aros, demandam menos mão de obra que num “V brake”, tem um apelo sensual para os consumidores... A tendência, principalmente em mercados com pouca cultura da bicicleta e oficinas mecânicas que só sabem trocar peças está sendo o crescimento acelerado do disco e rápido encolhimento do “V brake”.

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