quinta-feira, 29 de março de 2012

A imprensa e os acidentes



Por ai sei que a morte de Juliana na av. Paulista detonou uma onda de protestos e interesse da mídia pelo tema. Minha pergunta é até quando e com que resultado. Não tenho visto qualquer nota sobre o processo do atropelamento fatal do Victor Gurman e muito menos sobre o Leonardo Araújo dos Anjos que morreu atropelado depois da festa de calouro da FEA e que infelizmente e provavelmente passará para história como mais um caso indigente, mesmo já sendo aluno oficial da USP SP. Vi a primeira página do atropelando do ciclista em Brasília pelo filho do Eike Batista com sua Mercedes tri-especial. Este ciclista morreu, mas não ficou no anonimato.
O que me deixou feliz nestes dias foi ver uma discussão entre os membros da UCB, União dos Ciclistas do Brasil, sobre os esquecidos e indigentes. Venho repetindo que “ou todos temos segurança ou ninguém tem segurança”. Não existe esta coisa que eu construo meu próprio castelo, na minha região é mais segura, e outras bobagens que nós, brasileiros ainda estamos acreditando. É uma questão de cultura: temos que perceber que a Idade Média já acabou faz tempo. A sociedade atual tem uma tal dinâmica que qualquer isolamento é facilmente contaminado.
O trânsito previsível de Paris, NY ou Montreal torna-se bastante perigoso quando um adolescente cheio de hormônios ou qualquer um (ou uma) que não saiu da adolescência decide fazer o que quer. Um dos problemas é a situação que eles estão criando naquele exato momento, o outro, muito pior, é a contaminação social. “Se ele pode, eu também posso”, um pensamento normal, mas muito perigoso. Quase proibiram o uso da bicicleta em NY por causa do alto número de acidentes gerados pelos bike courriers. A imagem da bicicleta era a dos courriers e a população nova-iorquina tinha horror a ciclista. Controlaram os ciclistas mais atrevidos e transformaram a cidade numa das mais agradáveis para se pedalar. Notícia ruim é repetida 83 vezes, enquanto as boas novas só são repassadas 3 vezes; diz a ciência.
Por aqui não vejo mais noticia sobre o acidente com o ônibus no túnel de Sierre, Suíça, mas tenho certeza que gente trabalhando no caso e que haverá resultados, tanto na justiça quanto revisão técnica da segurança rodoviária, e assim que houver novidades será publicado. Anormalidades são tratadas com bastante atenção pela sociedade europeia, principalmente quando envolvem crianças. Acidentes como aquele são raríssimos por aqui, mesmo assim ouvi uma conversa de mãe para mãe sobre a preocupação de seus filhos saírem de férias numa excursão em ônibus.



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