sábado, 3 de setembro de 2011

Direito de pensar - liberdade

O Alcorão manda que se faça cinco chamadas para rezas por dia. Na hora marcada, esteja onde estiver, você vai ouvir o cântico dos versos de poucas palavras, mas demorado. Dos inúmeros minaretes espalhados pela cidade invade o entoar arrastado cantado, muitas vezes como que em coro entre vários minaretes, um cantor respondendo ao outro lá longe. Em Cambuquira, sul de Minas Gerais, durante anos o padre colocava aos berros estridentes uma música de igreja como chamamento para as missas. Creio que era lá também que a missa em também era transmitida aos urros desafinados pelo alto falante pendurado na torre da igreja. Cambuquira é muito pequena, 17 mil habitantes, a igreja fica justamente no alto e centro da cidade e a imposição do padre chegava longe. Uma pequena parcela da população atendia aos chamados e cumpria suas obrigações religiosas. O resto, a maioria, rezava em silêncio pedindo a Deus para carregar o velho padre para os quintos do inferno. Entrar na justiça contra a igreja ninguém fez. Temor ou política? Sabe-se lá? Mineiro come quieto.

No centro dos Estados Unidos, onde há uma quantidade sensível da população segue princípios religiosos, alguns rígidos, antes de comer é realizado um agradecimento pela benção de ter o que comer. Por influência desta mesma formação religiosa há uma grande preocupação com o comunitário, com o bem social de todos. Provavelmente o fast food e o carro devem estar acabando com este espírito e o resultado é que cada dia as pessoas ficam mais gordas e egoístas. Só uma conjectura, mas provavelmente não deve estar longe disto. No Brasil muitos dos que são ligados a estas novas igrejas aprenderam a ler pela obrigação de conhecer a Bíblia, o que é um ganho social sem tamanho. Também fazem um trabalho social importantíssimo. Muito saíram da miséria e tornaram-se classe média, e com isto veio o status, o carro, a pressa... Confesso que, se há um grupo social do qual tenho realmente medo é daquelas mulheres de cabelos presos ou soltos, vestidos longos de padrões discretos e ultrapassados, e sapatos baixos, que caminham olhando para frente com um olhar de autoridade soberba morta. A grande maioria sega perante a fé e em nome de seu Deus tem certeza de ser superior.

Atrás das burcas há mulheres iguais a quaisquer outras. Mas estão completamente escondidas, talvez nem seguras dentro de suas armaduras. Qual é ponto que nos levaria a compreender a verdade daquela situação? Sempre pensei que os homens destas mulheres escondidas também se vestiam diferente. Não aqui. O cara vai de jeans, camiseta, sapa-tenis ou tênis da moda e sai com sua mulher completamente escondida sob a burca. Aonde começa a fé e termina a insegurança pessoal? Não é muito diferente de outros hábitos ortodoxos, religiosos ou não. Como o hábito social de ser perua, especialmente em São Paulo, onde o dinheiro pesado corre solto. Perua que é perua pouco é vista nas ruas normais. Geralmente estão em templos de consumo rezando suas crenças ou afiando suas línguas. Chegam ali em carros totalmente pretos, com vidros também pretos, burcas de quatro rodas. Vestem-se de modo comum entre o seu meio social, dito em própria causa chiquérrimo, cruzam os corredores dos shoppings sem olhar para os cafonas mortais; enfim, tem suas vidas regidas por revistas sagradas como Caras e outras mais. Não usam burca, mas abusam do botox, do silicone. O efeito é mais ou menos o mesmo.

Brasil é um dos maiores exportadores de roupas íntimas para os países islâmicos, sinal que debaixo daquela burca deve haver algo. Despir botox e silicone para encontrar a verdadeira mulher é absolutamente impossível e mesmo assim tem homem que acha o máximo. O imaginário faz milagres e de milagres vive a Fé. No final das contas acaba sendo tudo igual. Somos todos humanos em busca de um ponto de apoio para nossas incertezas ou fraquezas.

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