segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Efeito de uma pequena entrevista na Trip

----- Original Message -----
From: associados-ucb@yahoogrupos.com.br
Sent: Monday, August 08, 2011 10:51 AM
Subject: Re: [ASS-UCB] São Paulo na Revista Trip.

Arturo

O Brasil não é São Paulo.

Com todo respeito que tenho ao amigo Arturo, considerei "acontecimento esfumaçado" (quer ler as páginas 40 e 41 entenderá) a Revista perguntar: Como você vê o cenário da Bike (sic)no Brasil hoje? E obter como resposta algo direcionado ao contexto de São Paulo. Descuido? Bairrismo? Falta de conhecimento? Mercado consumidor da Revista? Ou nosso cenário pode mesmo ser descrito por São Paulo e Afuá?

Poderia ser melhor.
Claudio Silva.
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primeira resposta

Claudio
boas

Não foi descuido. Se de fato fosse dado a importância devida a questão da bicicleta no Brasil não estaria na situação que está. Ok! pode ser um olhar a partir de São Paulo, mas está longe de ser um bairrismo. Por mais que a questão da bicicleta tenha evoluido Brasil afora, ela está muito longe do que deveria, e todos nós sabemos disto. O que falei não desqualifica o que foi realizado, mas faz uma crítica sobre a falta de interesse dos governos em realmente resolver não só a questão da bicicleta, mas do pedestre, dos deficientes, do pessoal que morre às pencas nas motos... Se houvesse mesmo interesse em resolver a questão das cidades o Ministério das Cidades não teria um orçamento tão baixo. A meu ver não se faz socialismo baixando preço de carros ou de linha branca e TVs. Isto tem outro nome. A construção de uma nova sociedade começa na construção de uma nova cidade, do parar esta guerra civil que estamos vivendo.

Minha resposta não quis ser bairrista (se foi) porque leva em consideração a questão da bicicleta que, a meu ver, inclui impostos, verbas, qualidade da bicicleta e dos serviços oferecidos ao mercado (péssimos no geral), criação de sistemas cicloviários, a transformação das cidades.... E ai não é um problema de São Paulo, mas do Brasil.

A revista não está aqui. Vou ler de novo e ver como está a resposta. Mas creio que não tenha falado uma barbaridade. Há muito o que fazer.

De qualquer forma agradeço o comentário porque me ajuda no pensar futuras respostas. Se você, Claudio, está reclamando, é interessante checar para ver o que há.

abraço
Arturo
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segunda resposta

Claudio
e a todos

Depois que dei esta resposta abaixo acabei me lembrando qual foi a pergunta, em que contexto ela foi colocada. Fizeram a pequena entrevista porque escrevi na Trip entre 1989 e 1991 (se não me falha a memória) e a pergunta era sobre o que havia mudado nestes 20 anos. Considero que mudou pouquíssimo, praticamente nada, e que ainda estamos muito longe de poder falar que a situação vai bem ou está tranquila. Este é o sentido de minha resposta. Passei pela revista e acabei não pegando nela. Ainda vou fazer, mas me lembro de toda história.

Mas também fiquei pensando sobre a mensagem que escrevi (abaixo) em cima de uma primeira reação à mensagem do Claudio. Minha posição nela é a que escrevi, mas o Claudio também tem lá sua razão.

O que tiro desta história (mais uma vez) é algo que venho falando há muito: que temos que ter um discurso afinado e tomar muito cuidado com a forma como as coisas são colocadas. É necessário medir as palavras, o que nem sempre, ou frequentemente, é muito complicado. Precisa de treinamento ou amadurecimento. Com treinamento fica mais fácil e dá melhores resultados. Treinamento não tem nada com falar feito jogador de futebol, mas com estabelecer procedimentos para ajudar a pensar respostas inteligentes e compreensíveis que levem, com tranquilidade, a um objetivo final.

É óbvio que para a maioria de vocês, que entraram neste meio (cicloativismo) não faz muito (em relação as minhas tantas décadas no pedaço), os avanços foram enormes. Como o sonho de sociedade, de cidade, e de mobilidades (na época transporte) de minha geração era completamente diferente deste horror que vivemos hoje, há uma enorme sensação de vazio. Mesmo que o sonho tenha sido outro, que "aquilo deu nisto", etc..., na hora de uma entrevista é necessário ter em mente o conjunto, o grupo, o fim desejado por todos, a realidade atual, as possibilidades e as intenções futuras, o que pretendemos construir e formular um discurso conciso. Não é fácil.

Pessoalmente agradeço muito quando ouço de alguém comentários ou mesmo broncas que me fazem pensar. Para mim o bom amigo é aquele que fala. Claudio não foi o único que andou me dando "broncas" ultimamente. Outro dia dei uma palestra na UFABC e um cara bem preparado veio a mim e disse que alguns pontos haviam ficado no ar, o que foi uma observação muito pertinente. Amanha tenho que dar uma entrevista para uma rádio do interior, ligada a uma universidade. Com certeza esta nossa conversa vai me ajudar. Pelo menos espero que sim. Meus Tico e Teco terão mais chance de se comportar bem.

Enfim, a pergunta que vivo me fazendo: No que posso melhorar?

abraços
Arturo
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Oi Arturo e demais colegas,

Certamente devemos todos checar o que está acontecendo.

Não vamos esquecer que o Ministério das Cidades é uma instituição dentro de outra instituição, entendem? Não é o MCid que baixa preço de carros! Muito menos é o MCid que tem o poder de reverter essas barbaridades ou aumentar de uma hora para a outra o aporte de investimentos, percebem? Deveriam para poder ajudar o Programa Bicicleta Brasil.

A Revista ficou muito boa, mas poderia ter perguntado: "como você vê o cenário da Bike (sic) em São Paulo hoje?", já que não se deu o trabalho de pesquisar como é no Brasil. MERCADO!

Grande abraço,

Claudio



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