sábado, 5 de setembro de 2009

Ciclo Faixa São Paulo – domingo 2 – reinauguração


Nesta semana foram feitos ajustes na Ciclo Faixa de domingo que liga 3 parques em São Paulo. A mudança mais lógica é fazer o ciclista cruzar pedalando em esquinas onde no primeiro domingo ele era obrigado a desmontar e cruzar empurrando. É o que o CTB diz. Como disse um amigo, esqueceram de contar para o ciclista como é a brincadeira. Boa parte dos ciclistas brincou segundo as regras, mas teve quem achou a coisa surrealista e pedalou.
Nós ciclistas não somos inimigos da CET e seus técnicos. Houvessem chamado a gente, ciclistas experientes, para ver a proposta e fazer comentários provavelmente ficariam cientes de algumas coisas que quem é do meio sabe. Não custava ter ouvido. Pouparia trabalho.
Houve e continua havendo sim uma luta histórica entre ciclistas e CET. Sim não gostamos do comportamento deles em relação às bicicletas e ciclistas, não gostamos da visão oblíqua que eles têm, da simplificação do universo do trânsito numa única palavra: fluidez. Pedestres e ciclistas, mais absolutamente todos não motorizados, estão de fora do jogo porque atrapalham a fluidez. Que história repetitiva e cansativa. Nossa, que saco, quantas vezes escrevi, falei, ouvi, li sobre sempre a mesma coisa. Cara, que saco! Não agüento mais este lenga-lenga. Mas, infelizmente, é real, infelizmente a luta está muito longe do fim.
Mesmo para derrotar um inimigo há suas regras, deve haver uma ética. Para ser inimigo é necessário ter uma moral. Mais que numa simples leitura aprendi esta verdade com a vida, com um dos meus melhores amigos e em alguns momentos pior inimigo, Juan Timon, ex técnico da Caloi. Tivemos, em alguns momentos, pontos de vista e posições literalmente antagônicos. Chegamos a quase nos comer vivos. Sofremos muito na mão do outro. Mas parávamos e conversávamos como gente e nos respeitávamos, jogávamos um jogo que tinha um objetivo, no caso nossa caríssima bicicleta. O dia que alguém me avisou que Timon havia morrido chorei muito a perda de um grande amigo, ou inimigo, como queiram.
O caso da CET é semelhante. Se pudesse esganava o pessoal, mas com todo respeito. Aliás, quase aconteceu literalmente numa reunião do GEF Banco Mundial quando perdi completamente as estribeiras e quase chacoalhei a Meli. Só não aconteceu por que nosso bom amigo Airton Camargo, que era o responsável pela reunião, deu um urro seguido de murro na mesa e ameaçou expulsar os dois de lá. Confesso que não sei bem que apito toca a Meli (em relação à bicicleta), ou sei e não quero aceitar, mas o fato é rendo aqui meu respeito a ela. Se tivesse dinheiro pesado para investir na questão dos não motorizados Meli seria imediatamente lembrado para formar um time. Da mesma forma que Timon, Meli, e outros da CET, são inimigos (?) que valem a pena ter por perto.
É inteligente ler sobre guerras e inimigos. É absolutamente crucial entender que inimigo que trucida, que esfola, que não tem limites, humilha, não chega a seu objetivo final. O tempo sempre mostra o tamanho da burrice. Para tudo há limites, inclusive para a raiva, o ódio.
Minha preocupação na Ciclo Faixa a partir de agora é que o número de ciclistas deve crescer e acredito que o que foi criado não vá agüentar muita mais carga. O sistema não está completamente saturado, mas já há momentos que a coisa complica e fica muito no limite. Outro ponto: pelo menos neste domingo 6 de Setembro, é que o dia seguinte será 7 de Setembro e portanto feriado. Será que a Prefeitura terá coragem de não abrir a ciclo faixa num feriado seguido do segundo dia de operação e com todo mundo babando para pedalar ali? E se abrirem como fica a inscrição “domingo” pintada no asfalto das avenidas?
Gostaria de ter números, custos, e outros detalhes sobre esta operação, mas é possível que se a Prefeitura houvesse optado por regulamentar a velocidade local dos motorizados para 40 km/h no mesmo dia e horário, complementado a operação com radares e pessoal operacional, fiscalizando de maneira pesada, o custo provavelmente seria menor, e provavelmente ainda se geraria receita, ou seja, multas. E ai sim haveria educação geral, tanto de ciclistas como de condutores de veículos motorizados. Segregar e pajear, na pedagogia, é a maior besteira que se pode fazer.
Provavelmente haverá mais pedidos para outras Ciclo Faixas. Aliás, já há. Vamos ver em quanto tempo serão operacionalizadas novas. Quanto irá custar este tipo de operação em outras áreas da cidade? A CET tem condições até quando? Qual a relação entre o número de funcionários da CET e a expansão deste tipo de operação? São GETs diferentes, eu sei, mas como fica em cada uma delas? Agora são uns 40 CETs mais 130 auxiliares? Vão diminuir o número de babas nas áreas já estabelecidas e deslocá-las para novas operações? E os ciclistas novos e inexperientes que usarão as ciclo faixas já estabelecidas, ficarão órfãos de suas babas? Aliás, quanto custa este tipo de operação por ciclista? Como poderia ser utilizado este dinheiro de forma a perenizar sistemas cicloviários que sejam usáveis durante a semana pela população que quer usar a bicicleta como modo de transporte?
Hoje pela manha vi o que espero que não seja reflexo da ciclo faixa no bordo canteiro central. Um grupo de ciclistas passou por mim, na Praça Panamericana, pedalando junto ao canteiro central da avenida de Pedroso de Moraes, sentido CEASA, uma avenida com perfil muito parecido com a Faria Lima da Ciclo Faixa. A bem dizer, uma avenida é continuação da outra, se bem que a situação aconteceu em pontas opostas. Do fundo do coração, rezo para que aqueles imbecis pedalando na esquerda sejam um acaso completamente sem razão para minha nota aqui. Sim, deve ser delírio meu. Idiota (eu)!
Como detalhe a faixa de pano que avisa sobre a operação Ciclo Faixa de domingo que está ao lado do Parque das Bicicletas, está encobrindo o semáforo do cruzamento da avenida Ibirapuera, sentido Centro, e o que se vê é só o semáforo seguinte, da faixa de pedestre da República do Líbano, que tem tempo diferente e fecha muito depois. Quem vem de carro vê o verde lá no fundo e só muito em cima do cruzamento percebe o vermelho atrás da faixa.

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